BI-RADS: O que é isso?

 

Quase diariamente sou interrogado pelas minhas clientes o que significa esse BI-RADS®.

BI-RADS® é um acrônimo para Breast Imaging Reporting and Data System (Sistema de Laudos e Registro de Dados de Imagem da Mama) e consiste em uma classificação internacional na avaliação das mamas. Inicialmente foi criado para a mamografia, mas hoje o BI-RADS® aplica-se para a ultrassonografia e para a ressonância magnética. Tem por finalidade padronizar a avaliação trazendo maior confiabilidade.

O BI-RADS® apresenta 7 categorias (de 0 a 6), mas uma confusão comum entre as clientes é achar que se trata de um processo evolutivo: passa de BI-RADS® 1 para BI-RADS®2 e assim por diante. Na verdade, aumento de categoria é bem menos comum que a redução.

Resumindo a classificação de BI-RADS®:

·         Categoria 0 – Existe algo na mama que o método não consegue fornecer informações sobre sua benignidade ou malignidade. Desta forma a conduta é realizar outro método para tentar elucidar o caso

·         Categoria 1 – Mamas normais, sem nenhum achado. Nenhum cuidado em especial.

·         Categoria 2 – existe algum achado, mas este é certamente benigno. Nenhum controle em especial.

·         Categoria 3 – existe algum achado que provavelmente é benigno (mais de 98% de chance), mas ainda não há tempo hábil para classifica-lo como benigno. Desta forma está indicado controles em 6, 12 e 24 meses.

·         Categoria 4 – existe uma lesão que apresenta critérios de malignidade, mas não todos, sendo considerada suspeita. O risco de malignidade é de mais de 80%. Está indicada biópsia (Core Biopsy ou Mamotomia).

·         Categoria 5 – lesão com alto risco de malignidade (95%). A biópsia é obrigatória.

·         Categoria 6 – aplica-se a acompanhamento de pacientes que já apresentaram diagnóstico positivo para câncer e estão em tratamento.

Como disse anteriormente, a classificação não indica um processo evolutivo. A Categoria 3 é a mais complexa de todas, pois depende da história clínica. Um achado que foi classificado como 3 (provavelmente benigno) deve ser avaliado com base em exames anteriores e acompanhado durante 2 anos. Se permanecer estável cai para Categoria 2, se variar (aumentando, alterando seus contornos ou apresentar microcalcificações) pode ir para Categoria 4 ou 5, dependendo dos achados. A Categoria 3 é a mais complexa pois sem exames anteriores uma lesão pode se manter nessa categoria indefinidamente, o que é um erro conceitual. Por conceito, uma lesão só poderia ser considerada como 3 por no máximo 2 anos. Depois deste prazo, ou ela cai para BI-RADS® 2 ou sobe para 4.

Alguns fatores são determinantes para uma categorização acertada: a comparação com exames anteriores, comparação com o exame que possa ter gerado o atual estudo (por exemplo, uma ultrassonografia solicitada por causa de um achado à mamografia), história clínica e exame físico (palpação e ectoscopia).

Costumo sempre informar as pacientes para levar o último exame que elas dispõem quando forem realizar nova avaliação, pois isto aumenta a sensibilidade do método na detecção de lesões. Aconselho a guardarem todos os exames que realizou e que, na impossibilidade disto, guarde pelo menos o último exame para comparação futura.

Existe mais um problema quando a paciente não leva um exame prévio, uma lesão que já havia sido categorizada como 2 (benigna) pode acabar sendo categorizada como 3 por causa da falta de um histórico de benignidade, ou como zero, que implica em necessidade de outro método e também gerar uma ansiedade desnecessária. Na pior das hipóteses, pode ser classificada como 4ª (uma subdivisão da Categoria 4) que indicará a necessidade de uma biópsia conforme disse anteriormente que, neste caso específico, será totalmente desnecessário pois a lesão já havia sido comprovadamente classificada como benigna.

Evite ansiedade. Quando pegar seu resultado de exame da mama leve ao seu médico ou médica para que a conduta correta seja estabelecida. Nem toda alteração é maligna, por isso não há motivo para alarde.

Faça seus exames de rotina e leve sempre os anteriores para comparação ou correlação. A prevenção sempre foi, continua sendo e sempre será o melhor remédio.